15 de ago. de 2011

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18/05/2010

Pelo poder em mim revestido, escrevo. Não pra matar saudade, pois não há saudade alguma. Importante é o vento. E as letras que pulam no meio das palavras. Tudo isso que eu guardo lá dentro. Os meus sete, tão bons quanto qualquer outros cinco. O que a gente cria, tem mais força do que aquilo que é passado. Importante é o encaixe, os quadrantes do círculo. E e hoje, já passaram os dois, então escrevo. Insisto. Danço sozinho pra lua e reverencio o nascer de mais um dia. E a celebração diária do agora, de todo agora em mim sempre. Borboleta fala que se masturba, eu reverencio e expando. Pra além desse agora, pra além do somente eu. Há um movimento inteiro, uma seqüência de magos armados falando que por aqui, nesse agora, vocês não vão passar. Eu escrevo sozinho mas há muito mais além da palavra escrita. Tudo isso que está por trás. Os infinitos além. E os infinitos agora. Os meus infinitos do lado. Os irmãos que caminham sozinhos. E ninguém pertence a nenhum. Que isto esteja bem claro. O vento sopra a água molha o fogo queima a terra dorme. O infinito em mim, isto que expande. Tempo não é moeda de troca, mas compromisso e trajetória. Trabalhando a própria cobra. Meu compromisso interno com os cinco e com tempo, com esse agora. Deus em mim sorri vermelho. Há muito trabalho a ser feito, muito muro pra ser posto a terra e isso tudo só pra neguinho conseguir enxergar o próprio sol. Esse que movimenta e que é o movimento em si, tudo o que traduz o intento, desejo, preguiça. Até as vezes saudade. Saudade pra mim é palavra com direção, sai do peito pra frente e causa espanto no outro. Nem que pra isso tenha que atravessar oceano, ou um oceano de verdade. Minha palavra já venceu deserto, já curou tristeza e já afastou fantasma. Mandiga da boa, patuá feito em casa ou em qualquer outro lugar. Sigilo que quando lançado impõe respeito. Tudo no texto tem que ser falado, Esse o segredo. Esse o preço a ser pago. No final das contas, o asë mora no sangue. O movimentar interno pra movimentar o mundo. Os oitinhos no oitão. Tabua esmeralda de pranchada até quebrar a cara dos otários. As idéias chegam, não se impõem, continuam. Importante é que o fluxo não pára. Sempre além de mim. Sempre aqui dentro. Ou eu que estou dentro dele? Poesia me deixa feliz. Coisa rara. Importante é ser feliz e brigar por isso armado com todas as forças do infinito contra esses babacas que não acreditando nisso, querem espalhar sua tristeza. O império de cinza, dos homens de terno e gravata, os donos do segredo, os softwares proprietários. Das matilhas, eu falo mais tarde. A força está comigo. E se não tiver invoco agora. O segredo é você demarcar os territórios de caça e guardar as trilhas pra chegar lá. Tira daonde você quiser, rouba da feira se não der, mas na hora vermelha, quando o intento cruzar com a Vontade, busca tudo que tá lá no fundo, joga na panela e deixa ferver em fogo baixo, até o recheio tomar conta, e você fazer do teu sentimento, uma coisa mais forte que esse mundo, mais presente que esse agora, mais dolorosa que coração partido ou fratura exposta, mais engraçada que viagem de ácido e mais saborosa que javali no vinho. Tem que ter cheiro e tem que ter gosto. Tem que ter gana e tem que ter fibra. Tem que ter Tesão e gargalhada e muito amor, amor sob Vontade, amor de verdade, amor de qualquer jeito. Sem amor não se faz nada. Cresceu e tomou forma? Joga pra mundo e esquece. Vai tomar umas e parte pra outra. Assim, e de nenhum outro jeito, se faz poesia pra transformar esse mundo. Isso não é receita de bolo, mas dá uma puta feijoada. Esse, faz parte dos segredos que tem ser derrubados. Com sentimento e vontade, se faz qualquer coisa, se derruba qualquer montanha. Aprendendo a ser meu próprio vento, então. Pela palavra que me foi dada, eu escrevo e jogo pro mundo. Um dia, plena certeza que tudo isso vai realmente fazer sentido. Por enquanto eu insisto que o outro já falava que aquele que busca, que busque até encontrar. Insito, rabisco e ainda tento encontrar as mãos no sonho. Não se faz feitiço em sete dias. Olho pra dentro e olho mais fundo. Olho pro mundo e raramente eu vejo alguma coisa que seja diferente de tudo. Os oitos infinitos e no máximo em dois anos eu sou funcionário público garantindo meu segundo degrau na pirâmide de Harlow. Poesia é bom, poesia é mau, e segundo Xavier de Oliveira, minha poesia não faz sentido algum. A verdade está lá fora. Na comemoração do dia a dia, em punhetar-se selvagemente e rir, em gargalhar no meio da paulista em plena tempestade. A salvação está no outro. Mas ninguém salva ninguém nesse mundo. A salvação está no fundo. Amor enorme, 98.

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