28 de abr. de 2012

093

Andar é bom pra fazer poema. Pra ganhar dinheiro, preciso trabalhar. Não tem mistério e  essa vida não foi fácil. Muitas vezes eu tive que viver ela no grito. Eu preciso escrever. Eu preciso. E preciso fazer dinheiro. Não digo trabalho, que trabalho eu já tenho. Eu escrevo. É isso, morena. Objetivo pra mim em vida, aquela coisa mais sagrada, é atingir nirvikalpa samädhi, pouca bobagem.
Aprendi nas quebradas a parar o mundo e olhar pra dentro. Porque de fundo, já basta o olhar no espelho. Eu não sou um cara tranquilo. Tive que me fazer de bicho e me travestir de montanha pra conseguir seguir viagem. Foi muita água que rolou. Aliás, rola até hoje quando páro e fico vendo filme triste. E eu insisto.
É que se aprendeu desde cedo a derrubar parede na venta. Bom taurino e aprendiz perfeito de filho da puta, abri estrada na borduna e rasguei as palavras em qualquer papel que tivesse pela frente. Quando não tinha, tomava, pedia emprestado e levava, a poesia não deve satisfação a ninguém.
Tive a honra de conhecer os 3 maiores produtores de eventos culturais da cidade oceano. Mandei cada um a merda com a mesma intensidade. Pra fazer poema, não dá pra ter rabo preso. Águas passadas, hoje arrisco até uma amizade. Mas se não fosse no grito, cumpadi, certeza que não ia arriscar alguma vã posteridade.
Fiz o que consegui fazer, e do meu melhor, sempre. Pouca merda nunca constou no currículo. Cagadas, foram de ventilador. Não veio com manual e continuo sem achar os porquês. Insistindo que se derrubam os moinhos, esses milhares. Fiz do jeito que deu, só me falavam que não era o certo.
Qual a solução pra coisa? O que é certo? Porque o diferente não pode ser bacana? Esses iguais tem um cheiro tão careta. A repetição cíclica não leva ao meio. Na metade da maçã continuam havendo cinco. Três e duas. Vinte e três.
O viver, essa cobra sem cabeças, continua me levando. É que é tentativa e tentativa até o intento dar fruto. Multiplicando os paradigmas, tocando da forma que der. Como te disse, o poeta morreu e não deixou mapinha. Tenho que descobrir tudo sozinho. Isso, a cada dia que levanto.
Na geral, a coisa é mais tranquila. É um funil só e não passou, jogo encerrado. Não posso, e isso por trajetória e compromisso, deixar cair a peteca. Frescobol não aprendi. Nem a surfar aliás.
Aprendi a tomar caldo e levantar. Manter a base olhando adversário no olho. No caminho do guerreiro não pode haver dúvida que a onda leva. Arrasta mesmo. Mas não é pra qualquer um. É preciso loucura e uma boa talagada de sorte. Se embrenhar no mato e saber onde fica o sul pelo sol que se carrega no peito.
Aprendi a ter peito, peito de aço mas com bandeira branca. Erguer os dedos em faca e rasgar os infinitos sorrindo. Aprendi a ser forte. Não teve jeito e várias vezes não foi a melhor escolha. Mas o tempo não pára. E era necessário manter o poema.
Que não veio de mão beijada; que não apareceu no sonho; que não saiu no bicho.
Poesia é metáfora da minha vida. Aos gargalos, aos gargalhos, pelas tabelas, escorrendo pelos cantos. Escorrendo até achar o próprio rio. Que todo poeta é oceano ou seria bom que fosse. Conseguisse atravessar deserto e brilhar estrela e aí então sorrir criança. E aí então sorrir criança e poder descansar e jogar bola. Que jogar bola é uma coisa legal.
Mas trabalho, essa forma besta de se fazer um troco, isso nunca foi fácil. Há um mito e há um fato. O mito garante a cerveja, o fato sustenta o poema. Qual dos dois me mantêm inteiro? Dinheiro, esse outro mito necessário? Poema, esse fato corriqueiro? Tiro dinheiro daonde for, importante é o tum-tum-tum e a soma das manhãs gloriosas. Precisar eu preciso que é raro, nunca foi sempre. E meus outros quinhentos?
Sigo com o punho erguido. Amor em Tsunami. Gritando.
Meus amanhãs serão mais azúis.
Laurent Gabriel 

5 de nov. de 2011

094

 Por necessidade eu escrevo. O tempo é curto. O tempo é infinito e cabe a nós darmos o movimento, sair de si. Travar o que queremos e empurrar o resto pra fora deste círculo, escorraçar destes oito infinitos. A repetição não cabe, não responde, no máximo aponta as direções possíveis, e nós continuamos aquém de qualquer uma das dualidades. Insistindo na busca que resposta não é tudo que sopra ou segue ventando. O não escrito, o não escrito ainda. Sempre o que não foi feito, o além aqui do lado, enfim. Folha é tudo que pra mim é sagrado, a página branca ainda que pergaminho virgem, mas a página vazia em si. Sem tempo, as nuvens continuam paradas. Tudo como mentira. Entender que verdadeiro é tudo o que não existe. Existência de um poema que não existe, não existência longe e dentro de mim. Só o movimentar que importa. O sair de si, que muitas vezes se resume em colocar no papel. Dar impulso a este intento em direção a outro que não eu, nunca o somente eu. Puxar tudo que é sentimento lá do fundo e com esse poder invocado rabiscar as estátuas, as bases mortas desse mundo. Não conheço magia maior do que essa. Poesia é aonde eu separo o meu sagrado de tudo que é profano. Aonde como Deus eu crio, manifesto o meu querer mais bruto. Sanidade, sagacidade, Amor demais em minha cidade. Trata-se de escolha, escolher sempre e se vagabundo não topar eu só lamento. É meu Sol, companheiro. A forma única que eu sei brilhar e as vezes queima mesmo, espalho as labaredas e ainda fico rindo. É pela gargalhada, meu cumpadi. O despertar da Kundalini por vezes como serpentina. Ninguém é feito de ferro, é água demais nessa cidade, dor e alegria trocando fluidos na suruba. Somos o que somos. E ainda assim tentando ser maior. Não diferente mas mais amplo. É da amplidão que trata o poema, da alegria na ponta da borduna, de nossa dança com nossos orixás sorrindo. Santo bom é o feito em casa. Criando então as próprias divindades, louvando os 4 cantos mas não somente: há muito mais além do arco-íris e pra quem não é bruxo eu não falo nem meio. Nada é feito de metades, meu camarada, é Exu na porteira e os outros milhares de caminhos. Tudo é mais que possível, tudo é possibilidade, o infinito que você quiser acreditar e te prometo: vai ser somente isso. Quem carrega a própria faca pode fazer o que quiser. Quem é carregado pela sua Vontade é liberto. Procuro, olho em baixo das pedras pela rua, mas tudo que é infinito ainda teima em me fazer rodeio. Girando em torno 1.01, 11:11 e os outros zeros que não couberam. Te digo que eu trago de dentro e se pá, eu olho mais fundo. Não há nada além da palavra. Não essa que tá escrita, mas as outras, que não foram pensadas. Poesia brota como glossolália, comunicação totalitária na veia e a vontade que dá é segurar a correia com as duas mãos. Ainda não, ainda não. Calma que eu ainda solto. Importante é o fluxo em mim e no momento Bia que ajuda a acalmar o dragão. Pois nós somos de todos os deuses e demônios. Isso é uma declaração e todo poema que se preste também seria. Escrevo então, porque não entendo isso tudo que chamam de mercado, dinheiro, trabalho ou qualquer uma dessas egrégoras menores. Eu acredito na chuva, no vento e na mata fechada. Animista na cidade grande, armado com escárnio e gargalho. Meu deus não é feito de palavras, mas de ideias fudendo entre si. Será que nasce outra frase, outro agora? Tenho menos de uma hora pra acabar esse texto, tomara que entre, são 22:30, e tenho até a hora zero. Poesia se repete demais, masturbação que não é gozo nem quando acabado o poema. Semente em terra escura, misturada milhares de vezes pra virar mercúrio. A alma da palavra está em mim. E flui aos borbotões, golfadas aos céus como afronta, Deus é feito de carne. Não há carne que não seja sagrada. Carrego o poema com sentimento, o vórtice está aberto e o sentimento pulsando através de mim. Invocar isto que eu chamo de fluxo, não sai barato. Muita parada em muito pouco tempo. Tempo extendido, multiplicado, finito em suas revoluções por palavra, tempo meu. Todo meu tempo é meu. Posse e responsabilidade. Cabe a mim, você, todos nós, em coletivo ou em manada, girar esta terra pra frente. Mil anos a mais até não haver mais guerra. Só amor e sacanagem, pois sacanagem, esta troca de fluidos que nos faz e pela qual nos fazemos mais, é o que nos faz maiores. Hoje, haverá amor para todos. Com amor, eu encerro.

15 de ago. de 2011

095


Passou. Agora de novo por multiplicação, fomento e ebulição. Afirmando a palavra em trajetória. Afirmando o agora em Intenção. Por amor e os semelhantes. Por vontade em manifesto. Manifestando nesse continuum o meu desejo de simplemente ir tocando essas duas bolas minhas pra essas frentes em que não pisei ainda. As bandeiras que eu não levanto, as estradas que não partilho, as escolhas que independem, essas coisas que não são minhas. Só posso falar do que eu vivi então que eu viva mais fundo ainda. Rio que é Oceano me navega. Que eu sei ser mar de vez em quando. Amor e novas encruzas. Amor e abro assim os meus trabalhos. Saudade não é Oceano, é só o rio teimando em ser fundo e a gente que deixa se levar afogando. É preciso mais ar, o respirar repetidas vezes, inspirar e assoprar de novo e novamente esse infinito de bolinhas pro vento. Inspirar e assoprar e fazer que esse cheiro de passado siga em frente, te esconjuro. Viver não é difícil, é insistir. Reclamar e fincar terreno, os pés fundos nessa terra que é santa, que toda terra acaba por ser santa. Fincar fundo nessa terra que é grande e ter a capacidade de gritar bem alto, alto em desafio, alto em desabafo. Nosso esgoelar espasmódico contra este que botaram no trono dourado lá em cima. Nossos deuses dançam, não ficam parados. Nossos deuses pelados, sem os panos do medo ou dogma consagrado em pecado. Tudo é permitido nesta terra, extensão imediata aqui do texto. É tudo do lado. Caminhando do lado que Fluxo, é tudo isso que não para. As equações infinitas, essas cirandas na praia. Esses sorrisos sinceros e toda essa raiva que a gente carrega no peito. É por amor e não se enganem, mas amor em embate. A carne lanhando e a carne lanhada. A gente se esfrega, a gente mistura. Nossa alegria em despeito, pois a carne é nosso templo. A carne é o nosso tempo. Tudo que dela se origina e que dela se manifesta. Tudo que se expande e movimenta. Somos o nosso próprio movimento e além disso é só o sonho. O sonho de viver que não é vida. O sonho dessa outra vida que não é nossa. Eu nunca sonhei com grades na minha vida. Sonho sim as vezes que estou voando, que dou pulos tão grandes – senão maiores – do que o hulk. Que vivo num país de fartura e não de exceção. Que não aguento mais ver criança pedindo esmola pela rua e que a polícia militar, essa herança da ditadura canalha tenha que acabar algum dia. As vezes me pergunto se pra mudar essa porra a gente vai que começar a derrubar os representantes do povo, eleitos ou concursados, que todo mundo aqui é igual em pecado. É que deixei de acreditar na morte, entende? Hoje eu acredito na vida pois tudo que pulsa me ilumina. Tudo que mexe e também mexe contigo. O caminhar junto e vagabundo, o debulhar incessante das idéias pra fazer poema. Nosso andarilhar amarelo e salgado. Essas palavras que a gente cultiva em segredo, só pra virar buscapé outro dia. Palavra é aquilo que  a gente cuida. Ama em segredo por tudo que nos é sagrado. Aquilo que a gente consegue salvar do profano. A gente se mistura. Repetidas e incessantes vezes, que o segredo está no fundo. No que se junta e também no que se perde. Perda também é processo. Maturação da mente. Minha salvação sempre esteve na página em branco. Ela é a coisa mais sagrada que eu conheço. Reverencio. E jogo ao longe quando pronta. O vôo do poema não pertence a mim. Texto tem vida própria. Eu pertenço a este mundo mas ele pertence a cada um. Somando então pra poder multiplicar. Ainda consigo ser muitos. Ainda consigo ser um. Saúdo os que tombaram mas felicidade é o que governa a minha vida. Felicidade e só por hoje, o riso bonito de Bia. Que venham outras 94, agora eu estou pronto. 

096


12/08/2011
Ele tinha 45. Eu sou de 76. Eu ainda tinha meus nove. Eram mil novecentos e oitenta e cinco e meu pai virou lembrança e enterro triste. Engraçado que dentro da cabeça o poema fica bem mais fácil. Sei até como acabar o texto, mas não tenho a menor noção de como começar. Morreu uma pessoa importante esses dias. Importante pro coletivo que o que importa pro mundo de repente seja só o infinito fluxo dos veículos na porta do cemitério. Todos passando com seus milhares de problemas na frente dos outros que já passaram. O morto foi bem bebido e só agora no terceiro dia voltei pra casa. Pelo menos os mortos a gente honra. Pra falar a verdade eu nunca paro pra pensar sobre a morte. Os nossos, a gente aproveita enquanto estão por perto. E eu aproveito cada segundo. Pois sei que os nossos, além de serem os melhores, além de serem os piores, são os que mais fazem falta. O tempo as vezes é um tremendo de um filho da puta. Escrevendo em banimento, por exorcismo, pois esta é a única forma que eu conheço de expulsar tudo que teima em ficar dentro. Botar pra fora é o único jeito de tirar essa dor do peito. Mas é complicado e o mais complicado é que sinto que preciso botar isso tudo pra fora pra conseguir seguir em frente e ficar bem. Banzai então pela vida, por tudo que teima em ficar junto, pelo tanto que teima em me ver bem, pelo meu eu conjunto, o eu junto com você também. Pelo Fluxo em mim. Aonde mora o grande e o pequeno, o tudo e o nunca mais também. Que quem foi a gente leva, embora a gente devesse deixar ser levado. Honrar o passado, este que foi cimentado para que se possa sempre lembrar deste agora. É só o agora, é todo agora em mim hoje e sempre. Eu saúdo os que passaram, eu saúdo todos os que viraram poema e em nome disso tudo e de todos eles que escrevo o meu poema. Por amor, amor enorme nesse agora, por esse agora e através do meu eu coletivo, do meu eu oceano. Amo, logo vivo. Multiplicando eu permaneço. Eu sou soma, a multiplicação de todos que conheci, de tudo que eu escrevi até agora. O riso multiplicado. Meus abraços em braços espalhados. O eu em tantas folhas, espalhadas por aí. O eu agora por aqui sempre. O meu eu muitos. Meu eu tesão e gargalhadas. Meu eu feliz e brigando até conseguir a felicidade enfim. Meu eu bia e o riso de bia que é todo alegria, meu outro eu feliz junto por aí. Meu eu que insiste, meu eu que ergue a espada em saudação. Porque o peito continua de aço, o olhar continua firme. A palavra continua fluindo e a gente continua marchando. Tocando a bola pra frente. Rindo pra espantar o medo e celebrando este agora da forma que der pra afastar toda essa dor pra bem longe. Bom que esta cidade é oceano e profunda o bastante pra engolir nossa dor. Rio eu te amo. Não seria nada sem você espalhada pelos lados. O espírito dessa cidade me carrega. Que as vezes simplesmente não dá. É insistência pura que move, é por saber que o movimento em si carrega. Nos carrega. Como artista eu sou a expansão de mim mesmo, cópia imperfeita deste outro movimento universal. O muito grande no infinitimamente pequeno outra vez de novo. Sempre. Tá difícil escrever mas eu insisto. Olho mais fundo e busco mais dentro e meu cigarro tá acabando e não tenho nem o da passagem pra ir na lapa filar um cigarro e foda-se. Mais importante é o poema e nesse momento jogar tudo pra fora e tentar ficar bem com Bia. Nome disso é Declaração de Intento. Pois o infinito também sou eu. E eu sou a minha Vontade manifesta. E nada além disso. Portanto em grito e em espasmos eu saúdo aqueles que caíram, abraço aqueles que ficaram e rio junto a estes que começam agora. Eu sou a expressão da minha Vontade e afirmo agora: Eu continuo. Eu insisto e sigo rasgando estas folhas. Por amor e alegria e através de outras noventa e seis, eu sou o senhor de mim mesmo. Vicente partiu em um dia de chuva. Era assim que acabava o poema. 96 agora. 

097


06/08/2011

Eu acredito no Fluxo, pois ele também está em mim. Hora grande, sexta feira e eu pensando em números. É zerinho ou um, zero e um. Tendo que ir comprar cigarro e só com 40 pratas pra passar a semana. Que se foda, meu amor me multilplica e já estou além da minha melhor expectativa. Começando a achar que metade dos punks que eu conheço são uns fascistas enrustidos. Só consegui aprender com os raros. Os que riem sozinhos e os que conseguiram entender que o ponto dentro do círculo e o infinito além são exatamente a mesma coisa. Eu sou burro na verdade. Me faço de esperto pra poder comer as meninhas. Mas as vezes acho que não sou bom o bastante, inteligente o bastante ou minimanente diciplinado pro que eu me propus a fazer. A busca do eu mais fundo. E que levo através da palavra, afinal de contas, não há outro caminho além do meu. Nenhum caminho pre-estabelecido, a folha branca não carrega certezas. Carrega sim um amor absurdo feito da soma de todas as possibilidades. Da multiplicação das possibilidades. Porque os universos copulam entre si. Percebi outro dia que o Deus que acredito é mais um estado de consciência do que qualquer outra egrégora mais ciente. Um Deus que não precise ser dual. Chega das dualidades imprecisas. Estou cansado. Não estou mais aguentando todas essas pessoas que me chegam com discursos prontos, verdades pré-estabelecidas. Não há estrelas depois do arco-íris. Percebo hoje que tudo que escrevi, vi e vivi me levou exatamente para onde eu estou agora. A ruptura necessária, pois renascimento pressupõe morte, fim do ciclo. As vezes eu acho que ninguém entende o poema, discurso feito da soma de todas as coisas, fervido na própria cabeça milhares de vezes. Mistura. Amálgama ciente e necessária. A verdade não está nos livros, meu irmão. A minha realidade quem faz sou eu. Atitude, meu cumpadi. Porque os moinhos de vento continuam perigosos. E por palavra, trajetória e promessa, a gente continua tendo que galopar com a lança em riste pra cima deles. Enfrentar os fantasmas de cinza até que não reste mais medo na terra. O que não soma, que seja queimado. Não tou falando que a briga vai ser fácil. Mas o universo, conspira - de certa forma - a nosso favor. Isso porque o universo, não conspira a favor de ninguém. Não há mocinhos nem bandidos. Há a construção constante, a afirmação consciente e desde sempre necessária. Tenham coragem, homens. Repetir o passado é falta de imaginação demais. Os ciclos não respondem. Respirar e agora finalmente tendo comprendido o que Aimberê falou outro dia. Respirar junto com o universo. Todo o resto é Vontade. O caminho de cada um visando o fim do ciclo. Que uma hora a gente para essa porra. Em casa sexta a noite e vou te falar que é raro. Minhas dualidades só me fodem, e Eros e Thanatos precisam parar de brigar na minha horta. Por isso me canso rápido desses arquétipos que ficam teimando em se repetir. Chega. Eu que amei e me fudi três vezes, continuo assinando tudo que escrevo. Nome disso é Coragem. O compromisso que um dia assino com sangue. Porque do sangue e da espada não se foge. O peito é de aço e a espada quem carrega sou eu. Espadachim de mim mesmo. O inimigo caí, eu fico em pé. E minha casa tem quatro cantos. Em cada um continua brilhando uma estrela. Pra bom, continua meia. Eu sáudo os dezesseis odus e os vinte e dois caminhos, mas meu Deus, continua feito de idéias. E Amor o que carrego para todas as pessoas. Promessa feita com os pés batendo na terra. Todo poema é processo. 97

098


18/05/2010

Pelo poder em mim revestido, escrevo. Não pra matar saudade, pois não há saudade alguma. Importante é o vento. E as letras que pulam no meio das palavras. Tudo isso que eu guardo lá dentro. Os meus sete, tão bons quanto qualquer outros cinco. O que a gente cria, tem mais força do que aquilo que é passado. Importante é o encaixe, os quadrantes do círculo. E e hoje, já passaram os dois, então escrevo. Insisto. Danço sozinho pra lua e reverencio o nascer de mais um dia. E a celebração diária do agora, de todo agora em mim sempre. Borboleta fala que se masturba, eu reverencio e expando. Pra além desse agora, pra além do somente eu. Há um movimento inteiro, uma seqüência de magos armados falando que por aqui, nesse agora, vocês não vão passar. Eu escrevo sozinho mas há muito mais além da palavra escrita. Tudo isso que está por trás. Os infinitos além. E os infinitos agora. Os meus infinitos do lado. Os irmãos que caminham sozinhos. E ninguém pertence a nenhum. Que isto esteja bem claro. O vento sopra a água molha o fogo queima a terra dorme. O infinito em mim, isto que expande. Tempo não é moeda de troca, mas compromisso e trajetória. Trabalhando a própria cobra. Meu compromisso interno com os cinco e com tempo, com esse agora. Deus em mim sorri vermelho. Há muito trabalho a ser feito, muito muro pra ser posto a terra e isso tudo só pra neguinho conseguir enxergar o próprio sol. Esse que movimenta e que é o movimento em si, tudo o que traduz o intento, desejo, preguiça. Até as vezes saudade. Saudade pra mim é palavra com direção, sai do peito pra frente e causa espanto no outro. Nem que pra isso tenha que atravessar oceano, ou um oceano de verdade. Minha palavra já venceu deserto, já curou tristeza e já afastou fantasma. Mandiga da boa, patuá feito em casa ou em qualquer outro lugar. Sigilo que quando lançado impõe respeito. Tudo no texto tem que ser falado, Esse o segredo. Esse o preço a ser pago. No final das contas, o asë mora no sangue. O movimentar interno pra movimentar o mundo. Os oitinhos no oitão. Tabua esmeralda de pranchada até quebrar a cara dos otários. As idéias chegam, não se impõem, continuam. Importante é que o fluxo não pára. Sempre além de mim. Sempre aqui dentro. Ou eu que estou dentro dele? Poesia me deixa feliz. Coisa rara. Importante é ser feliz e brigar por isso armado com todas as forças do infinito contra esses babacas que não acreditando nisso, querem espalhar sua tristeza. O império de cinza, dos homens de terno e gravata, os donos do segredo, os softwares proprietários. Das matilhas, eu falo mais tarde. A força está comigo. E se não tiver invoco agora. O segredo é você demarcar os territórios de caça e guardar as trilhas pra chegar lá. Tira daonde você quiser, rouba da feira se não der, mas na hora vermelha, quando o intento cruzar com a Vontade, busca tudo que tá lá no fundo, joga na panela e deixa ferver em fogo baixo, até o recheio tomar conta, e você fazer do teu sentimento, uma coisa mais forte que esse mundo, mais presente que esse agora, mais dolorosa que coração partido ou fratura exposta, mais engraçada que viagem de ácido e mais saborosa que javali no vinho. Tem que ter cheiro e tem que ter gosto. Tem que ter gana e tem que ter fibra. Tem que ter Tesão e gargalhada e muito amor, amor sob Vontade, amor de verdade, amor de qualquer jeito. Sem amor não se faz nada. Cresceu e tomou forma? Joga pra mundo e esquece. Vai tomar umas e parte pra outra. Assim, e de nenhum outro jeito, se faz poesia pra transformar esse mundo. Isso não é receita de bolo, mas dá uma puta feijoada. Esse, faz parte dos segredos que tem ser derrubados. Com sentimento e vontade, se faz qualquer coisa, se derruba qualquer montanha. Aprendendo a ser meu próprio vento, então. Pela palavra que me foi dada, eu escrevo e jogo pro mundo. Um dia, plena certeza que tudo isso vai realmente fazer sentido. Por enquanto eu insisto que o outro já falava que aquele que busca, que busque até encontrar. Insito, rabisco e ainda tento encontrar as mãos no sonho. Não se faz feitiço em sete dias. Olho pra dentro e olho mais fundo. Olho pro mundo e raramente eu vejo alguma coisa que seja diferente de tudo. Os oitos infinitos e no máximo em dois anos eu sou funcionário público garantindo meu segundo degrau na pirâmide de Harlow. Poesia é bom, poesia é mau, e segundo Xavier de Oliveira, minha poesia não faz sentido algum. A verdade está lá fora. Na comemoração do dia a dia, em punhetar-se selvagemente e rir, em gargalhar no meio da paulista em plena tempestade. A salvação está no outro. Mas ninguém salva ninguém nesse mundo. A salvação está no fundo. Amor enorme, 98.

099


13/05/2010


Os poetas me empurram. Os poetas sussuram. “Não pára, poeta, continua.” Foda que são 05 anos pra juntar 05 mangos e tocar as 79 páginas do livro pra frente. Jogar esses 10 anos pra fora pra engolir tudo de novo. Então estudo, me jogo de cara nas setecentas mil matérias até conseguir chegar ao menos nos dois contos todo mês. Vida de valente é foda. Puta bambolê pra sacudir o ½ kg de barriga e de letra espalhar contas em 15 bares por aí. A sequencia é os amigos darem 3 toques na porta, e sairem levando a TV verde, o colchão encardido e meus dois ventiladores negros de fuligem. A sequencia pode ser mais um livro, esses 99 que vão virar 100, outro amigo com propostas de lançar outro livro em 4 capitais com outros 5000 que não tenho. Outras 2 horas por dia, dia sim, dia também não. Insistindo é que se derrubam esses moinhos. Foda que eu preciso disso, isso o que me dá tesão na verdade, que garante os meus 90 bpm e17 cm de manhã. Fora isso a sequencia ingrata dos 40 cigarros/dia, um engradado por semana e algumas gramas pra se manter esperto. A morte covarde do dia a dia. Em 5 anos mano, a coisa que mais fez sentido pra mim foi a evocação do círculo e dos 4 pentagramas. Escrever é ato mágico. Exercício de Vontade. Não há coisa mas verdadeira. Não há coisa mais visceral. Porque duas punhetas/dia e 34 carnavais não garantem tantos amanhãs assim. Poesia, sim. Por felicidade então e com o tanque cheio de raiva, pelas sete pontas da estrela, pelo amor livre, bandeira que ninguém mais quer, a sobrevivência da carne, gargalhada em banimento, por intento e por instinto, novamente 34, todo dia. Cada um deles e junto e somando a sequencia de noites e abraços, as palavras, conscientemente e por Vontade e seja lá o que isso vai dar eu faço contato com o fluxo. VENHA! 06:47 da manhã e puxo as palavras dos espaços infinitos entre as estrelas, da soma de todos esses bares, de sorrisos e gargalhos, da infinita soma de cascalhos, por todos que até aqui vieram e em nome de todos que daqui se mandaram, puxo a palavra do fundo da minha barriga, das duas centenas de poemas nessa máquina, dos outros 100 que foram jogados por aí, eu puxo as palavras do mundo. Esse contato não é gratuito. Esse contato não é barato. Quem não tem nada a perder, pendura, e quando bater a conta a gente derruba ou que sejamos levados. Que vento na cara é tudo, que na verdade importa. Vento na cara e caminho. Vento na cara e estrada. Por liberdade e por preguiça. Como manifesto e na afirmação do próprio eu solar, do próprio eu selvagem e liberto, do próprio eu agora. Fora das sequencias, fora dos esquemas montados, fora desses caminhos já gastos. Pelas 4 estradas que saem desse agora. Eu estou exatamente no meio dessa passagem. Que esse céu seja minha testemunha. A palavra é verdadeira e não há nada além dela. Nenhum dos 72 nomes, nenhuma das 99 qualidades, eu sou um com a palavra e vai ser desse jeito, quem não tem faca usa a própria mão em riste, um com os infinitos, os infinitos no um, eu sou o centro de mim mesmo. A poesia me aquece, a poesia me transforma, através dos 16 odus e das 11 esferas, dos 22 caminhos e das 4 direções, eu continuo. Que venham os sete, que venham as 98, tempo não é moeda corrente e eu faço de tudo pra chegar aonde eu quero. Só passo por cima de pelego, irmão caminha junto, sempre bom lembrar. O foco, é um amanhã mais bacana. Os 35 que eu quero. Meus dois mil reis por mês, 2 folgas por semana, um quad core, de repente um moleque, vamos ver se vai dar. O que é bom sai caro e ninguém falou de valor monetário. Há infernos além e há infernos aqui. Atravesso qualquer deserto, derrubo qualquer montanha. Que não me venham com segredos ou apertos de mão secretos, pai google é meu pastor e e-mule não me faltará. Por expansão, contração e os movimentos necessários daqui até aí, do fundo até agora, de dentro até o amanhã, até um amanhã outro, um amanhã além, mais grande, mais agora. Amanhã é mentira. É tudo agora. Nesse e em todos os agoras simultâneos. Pela renovação diária e constante, por amor e tão somente por poesia. Que venham todas as 98 restantes. Que a Obra continue. E por hoje, chega.

100


13/03/2008


Pois o senhor nosso deus é santo. Tem que começar de algum jeito.12 de fevereiro dois mil e oito. Aliás 13 4 e meia. Quarta, outra quinta-feira de sol, outras. Rio, quase ontem carnaval. Caminhos abertos. Rompantes abertos pela avenida, carnaval foi bom, aliás todo carnaval é bom. O meu, começou ano passado. Há dez anos. Os sete livros que podem acabar sendo três. Esse milhar de certezas que infelizmente não deram na cabeça. Enterraram o burro e não deixaram o mapa. As pessoas passam junto com o vento e quando você pára pra pensar já era. Parece que foi ontem que andei no aterro com o pai. O livro começa assim. O livro é assim. Parece que ontem, esse mar de bucetas. Parece que ontem, os mantras cruéis. Quarto dia da semana que pelo menos pra Amanda, começa no shabbat. Todo dia é dia, hora 60 segundos, Tamu Juntu!. 2 os esses que faltam, 0 qualquer perspectiva. Manter o caminho na fronte. Bandeira branca, bandeira branca amor. O cão não deixa barato. È que a gente é assim, meio matilha. A gente. Vai correr ao contrário na são silvestre meu chapa! 1000, camelo na agulha, todas essas as possibilidades. Nego dorme no ponto e vira churrasco. Dormiu, o braço do rio levou. Deus, esse que dá é também aquele que tira. Eu não tenho porra nenhuma a perder. Foi e continua sendo um puta dum palmares. Mas foda-se! Tenho minhas pequenas verdades nos 7 vórtices e no círculo. Sete espadas. Aliás nem sei o que eu acabei de escrever. Poesia é assim somente, sai aos golfões e me deixa depois andar por aí sorrindo. Escorrer feito sombra, me misturo e vômito, o poeta não é mentiroso, é um puta de 157. Quase em que transformaram o 174. 31. Quase a idade do cara. E o tempo contado pra bater simenon com 526. Em 45 anos. 10 por ano com boa margem. Carioca e cismando dessa margem que apareceu aí no meio. Os milhares de símbolos, arquétipos que se interpelam. Nem cruzes, nem meia-luas. Os raios que vão pro alto e não são quadrinhos da dc ou da marvel. São quase cinqüenta passos até a esquina. e todos os 3 pontos que deixei por aí. O que não soma a gente meio que larga, entende? Arrumar uns dois contos e ir catar um teto, comida e algumas boas trepadas. Uma vela por dia tirando os dias de branco. Eu, que caminho com Exu e Oxalá, nesse dendê eu não boto a mão. As 7 linhas. De vez em quando essas contas coçam. Falei ontem com duas que quase viraram tempo. Importante é se falar o que tem no peito. Pra não dar barriga. Cuidado é preciso com o texto e com o invisível que nos acompanha. Os fios ligados não partem. Dando então arranque. As duas que me levaram até esse 2008 agora inteiro. Amor é muitos. Amor é tanto. Tanto mar, tanto mar. a palavra sai aos montes. A palavra sua pelo corpo, escorre. E é por isso que se trepa, mistura, se multiplica. Porque os 3 que botaram na parede eu não escolhi. A palavra sua e seca pelo corpo. Com vento na cara até brilho amarelo. Será que esse vai até 100? 06:00 e esse corpo suado cheirando a tabaco, toda poesia não começa assim? Podia ter pego um trabalho mais fácil. Ficar dando oito na rua é bandeira. Os zeros infinitos da lagoa ainda não me seduzem. É que fundamento tem preço, valor agregado. Esse eu roubei do supermercado. Ainda acho uns trinta anos pela frente, e vão ser muitas as palavras, elas não param. O tempo todo, os sessenta vezes as vinte e quatro, os trezentos e sessenta e cinco todos até agora. Tempo é a moeda que eu tenho. A chuva caiu lá fora. Tenho que pensar urgentemente sobre o que vai ser esse livro. Deixa pra amanhã, relaxa, bebe uma coca. Vai seguir tuas esquinas que a gente se esbarra. Será que era pra chegar em algum lugar? Sempre que leio um livro, o mais longe em que chego, é em mim. Estão abertos os trabalhos. Agora. Hoje. Enfim. Tenho 100 dias.

000

12/03/2008

Laroië Exú!