15 de ago. de 2011

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Passou. Agora de novo por multiplicação, fomento e ebulição. Afirmando a palavra em trajetória. Afirmando o agora em Intenção. Por amor e os semelhantes. Por vontade em manifesto. Manifestando nesse continuum o meu desejo de simplemente ir tocando essas duas bolas minhas pra essas frentes em que não pisei ainda. As bandeiras que eu não levanto, as estradas que não partilho, as escolhas que independem, essas coisas que não são minhas. Só posso falar do que eu vivi então que eu viva mais fundo ainda. Rio que é Oceano me navega. Que eu sei ser mar de vez em quando. Amor e novas encruzas. Amor e abro assim os meus trabalhos. Saudade não é Oceano, é só o rio teimando em ser fundo e a gente que deixa se levar afogando. É preciso mais ar, o respirar repetidas vezes, inspirar e assoprar de novo e novamente esse infinito de bolinhas pro vento. Inspirar e assoprar e fazer que esse cheiro de passado siga em frente, te esconjuro. Viver não é difícil, é insistir. Reclamar e fincar terreno, os pés fundos nessa terra que é santa, que toda terra acaba por ser santa. Fincar fundo nessa terra que é grande e ter a capacidade de gritar bem alto, alto em desafio, alto em desabafo. Nosso esgoelar espasmódico contra este que botaram no trono dourado lá em cima. Nossos deuses dançam, não ficam parados. Nossos deuses pelados, sem os panos do medo ou dogma consagrado em pecado. Tudo é permitido nesta terra, extensão imediata aqui do texto. É tudo do lado. Caminhando do lado que Fluxo, é tudo isso que não para. As equações infinitas, essas cirandas na praia. Esses sorrisos sinceros e toda essa raiva que a gente carrega no peito. É por amor e não se enganem, mas amor em embate. A carne lanhando e a carne lanhada. A gente se esfrega, a gente mistura. Nossa alegria em despeito, pois a carne é nosso templo. A carne é o nosso tempo. Tudo que dela se origina e que dela se manifesta. Tudo que se expande e movimenta. Somos o nosso próprio movimento e além disso é só o sonho. O sonho de viver que não é vida. O sonho dessa outra vida que não é nossa. Eu nunca sonhei com grades na minha vida. Sonho sim as vezes que estou voando, que dou pulos tão grandes – senão maiores – do que o hulk. Que vivo num país de fartura e não de exceção. Que não aguento mais ver criança pedindo esmola pela rua e que a polícia militar, essa herança da ditadura canalha tenha que acabar algum dia. As vezes me pergunto se pra mudar essa porra a gente vai que começar a derrubar os representantes do povo, eleitos ou concursados, que todo mundo aqui é igual em pecado. É que deixei de acreditar na morte, entende? Hoje eu acredito na vida pois tudo que pulsa me ilumina. Tudo que mexe e também mexe contigo. O caminhar junto e vagabundo, o debulhar incessante das idéias pra fazer poema. Nosso andarilhar amarelo e salgado. Essas palavras que a gente cultiva em segredo, só pra virar buscapé outro dia. Palavra é aquilo que  a gente cuida. Ama em segredo por tudo que nos é sagrado. Aquilo que a gente consegue salvar do profano. A gente se mistura. Repetidas e incessantes vezes, que o segredo está no fundo. No que se junta e também no que se perde. Perda também é processo. Maturação da mente. Minha salvação sempre esteve na página em branco. Ela é a coisa mais sagrada que eu conheço. Reverencio. E jogo ao longe quando pronta. O vôo do poema não pertence a mim. Texto tem vida própria. Eu pertenço a este mundo mas ele pertence a cada um. Somando então pra poder multiplicar. Ainda consigo ser muitos. Ainda consigo ser um. Saúdo os que tombaram mas felicidade é o que governa a minha vida. Felicidade e só por hoje, o riso bonito de Bia. Que venham outras 94, agora eu estou pronto. 

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